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A Direita e a Esquerda na Umbanda estão relacionadas aos trabalhos de pretos velhos, caboclos, crianças (direita) e exus e pombagiras (esquerda). A direita trabalha com reestruturação, auxiliando-nos na elevação moral através da reforma íntima e reestruturação interior; enquanto a esquerda trabalha consumindo e absorvendo os desequilíbrios, as viciações, os desvirtuamentos e a negatividade.

Mas por que Esquerda?

O termo Esquerda pode ser associado com as posições espaciais, os lados do cérebro e as interpretações religiosas, políticas e históricas.

Quando consideramos nosso cérebro, o lado esquerdo é o lado que menos usamos, está ligado ao inconsciente, às emoções, é associado ao impuro e ao escuro, pois é nele que se encontra o que está mal resolvido em nós, o que escondemos.

Em termos de religiosidade, o Catolicismo popular entende o lado esquerdo como o lado do diabo, que muitas vezes é chamado de “o canhoto”. Na época da inquisição, consideravam-se padres e mulheres que faziam o sinal da cruz com a mão esquerda como pessoas que teriam vendido a alma ao diabo, pois a esquerda teria ligação direta com coisas ruins.

Ao ligarmos a esquerda à política, e “abro parênteses” aqui para deixar claro que falo em termos históricos, e não da situação política atual, quer seja do Brasil ou do mundo, até mesmo porque tratar de política não é o objetivo nem deste jornal, nem do nosso templo. Enfim, em termos de história política, o termo esquerda surgiu com a Revolução Francesa e referia-se à posição dos assentos dos parlamentares; aqueles que sentavam à esquerda apoiavam as posições mais radicais da Revolução, o que incluía a adoção de um sistema republicano e de um Estado Laico. A partir de 1848, a esquerda política passou a definir movimentos revolucionários na Europa, especialmente socialistas, anarquistas e comunistas. Podemos considerar que a esquerda é aquela que defende mudanças maiores e busca uma sociedade mais igualitária; é marcada por controvérsias, polêmicas e complexidade, além de ser associada a mudanças, quebra de paradigmas, de conceitos e de dogmas. Ou seja, em termos políticos, a esquerda é mais controladora, intervencionista, capaz de fazer coisas e propor mudanças mais extremas.

Na Umbanda não é muito diferente. A Esquerda é relacionada ao lado escuro, às zonas umbralinas, aos trabalhos de desobsessão. Exus e Pombagiras são polêmicos e complexos, mas são eles que consomem nossas negatividades, executam a Lei e os nossos karmas, esgotam nossos vícios, de maneiras muitas vezes intensas, combatendo o veneno com o próprio veneno, mas sempre nos encaminhando para a seara de Jesus.

Podemos observar uma diferença grande entre as entidades atuantes na Direita e na Esquerda. As primeiras preparam-nos para a vida espiritual, zelam por nossa paz de espírito e evolução. Já as entidades da Esquerda estão mais relacionadas com nossa vida terrena, zelando por uma vida material plena (execução de karmas), bem como pelo equilíbrio de nossa vida material com a espiritual.

Janaína Azevedo Corral explica bem essa relação em “O Livro da Esquerda na Umbanda”: “Um ciclo não é pleno sem que o outro também o seja, isto é, não existe um espírito evoluído que tenha por opção ser entregue a uma vida miserável, ruim, mesquinha e de resignação sem lutar, sem viver, sem dar valor à dádiva que é estar vivo, amar, apaixonar-se, casar, ter filhos, família, cuidar dos pais velhinhos, ter amigos, ir a festas e experimentar todas as primeiras vezes que todo ser humano experimenta, ficar velho, sofrer, ser feliz e tudo mais quanto está em nossa natureza.

A Esquerda é quem cuida de tudo isso, é quem zela pelo equilíbrio entre o corpo e a alma, mantendo o espírito em constante evolução.”.

A Esquerda na Umbanda, com sua energia reequilibradora, mostra que não podemos nos apegar só à vida material ou só à espiritual, e sim que devemos equilibrar as duas (Lei da Ação e Reação – Karma). Exus e Pombagiras ensinam a perceber quão importante é essa oportunidade reencarnatória, quão grandiosa é a vida e a importância de sermos felizes, ajudarmos o próximo e buscarmos sempre o equilíbrio e a moderação, pois só equilibrados podemos vencer nossos vícios e desvirtuamentos e andarmos no caminho da Lei.

As entidades da Esquerda na Umbanda são espíritos em busca de evolução espiritual e compromissados com a espiritualidade superior. Eles trabalham no âmbito do perdão e da misericórdia, e suas regências estão relacionadas à ação e à reação, à fé e ao caminho do equilíbrio, assim como qualquer outra entidade atuante na Umbanda.

Por mais que as atuações das entidades na Esquerda e na Direita tenham funções diferentes, todas agem compromissadas com os objetivos do Pai Maior e com o objetivo de cumprir a lei do amor, encaminhando todos à seara de Cristo.

Salve a Esquerda!

 

Salve a Umbanda!

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