AUTOPERDÃO
Médium Stela RochaUma vez, sentada no banco conversando com um Vozinho, ele me perguntou sem rodeios:
- Quando a Fia conversa com nosso Pai Maior sobre seus erros, você acredita de todo coração que Ele lhe perdoa pelas suas falhas?
- Claro! - respondi prontamente.
- Pois então, se nosso Pai, que é perfeito e em sua infinita misericórdia, te perdoa, porque VOCÊ, um ser imperfeito e em evolução, não se perdoa?
E assim, há alguns anos desde esse episódio, venho me lembrando dessas palavras e me perguntando por que é tão difícil colocar em prática tão sábio ensinamento. Por que relutamos tanto em desapegar de nossos erros? Por que não nos achamos merecedores de nosso próprio perdão? Por que nos culpamos e nos punimos constantemente?
Costumamos ser mais compreensivos e complacentes com os nossos irmãos que falham conosco. Muitas vezes até procuramos razões para justificar essas falhas e perdoá-las. É uma atitude saudável e benevolente de nossa parte, mas a questão é: por que não usamos a mesma compreensão conosco quando erramos como usamos com os demais? Muitas vezes parece que perdoar os outros é uma tarefa menos árdua do que quando o assunto é perdoarmos a nós mesmos.
E quando nos olhamos todos os dias no espelho e não temos a caridade de perdoar aquele ser imperfeito ali refletido, nasce a culpa, que, como erva daninha, vai crescendo e criando raízes. E acaba por tornar-se um algoz que alimentamos diariamente e suas consequências são quase sempre devastadoras. Uma delas é a autopunição. Punimo-nos por não perdoarmos nossos erros. Punimo-nos por não sermos perfeitos como gostaríamos de ser. Punimo-nos porque os defeitos que nos esforçamos tanto em esconder debaixo do tapete vêm à superfície. Tanta punição gasta nossa energia e adoecemos.
Não é unanimidade quando se faz relação entre doenças físicas e a ausência de autoperdão, mas, na literatura espiritualista, achamos quase um consenso a atribuição da excessiva cobrança consigo mesmo, sem perdão dos próprios erros, como causa não física da depressão. Claro que não podemos simplesmente esquecer a medicina terrena e seus avançados remédios e tratar um distúrbio considerado o mal do século como uma doença exclusivamente espiritual. A mesma literatura aconselha os tratamentos – físico e espiritual - simultâneos e complementares. Na nossa própria Casa, vemos quantos irmãos chegam em busca de auxílio da espiritualidade para curar seus males físicos e são aconselhados a não abandonarem seus tratamentos médicos. E muitos retornam para relatar que conseguiram o que procuravam.
O autoperdão é um trabalho árduo, requer esforço e persistência. É preciso coragem para aventurarmo-nos nas águas mais profundas e turvas do nosso inconsciente e fazermos uma autoanálise. Responder algumas perguntas cruciais: quais memórias gostaríamos de ter daqui a 5, 10, 20 anos? O que queremos levar dessa vida para as próximas encarnações? Perdão ou remorso? Saúde ou doença? Alegria ou sofrimento? Perdoar-nos é sempre a melhor atitude conosco mesmos – ganhamos amor, compreensão e equilíbrio. Somos os maiores beneficiados, ganhamos qualidade de vida e os que nos rodeiam também ganham.
Perdoar-se é ser dono da própria vida, no sentido mais amplo. É quando determinamos que o sofrimento pela culpa acabou. Vale a pena investir no autoperdão, evitando que remorsos, arrependimentos e doenças sejam nossos companheiros futuros. O esforço é grande, mas também altamente libertador. E essa energia que era gasta improdutivamente em culpa e autopunição, poderá ser utilizada para fins mais nobres, como o exercício da caridade por exemplo.
https://padrejonas.cancaonova.com/informativos/artigos/os-maleficios-da-falta-de-perdao/ ´acessado em 19/03/2018
http://www.oespiritismo.com.br/mensagens/ver.php?id1=444 acessado em 19/03/2018
http://www.espiritoimortal.com.br/perdoar-a-si-mesmo/ acessado em 20/03/2018