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Para todo efeito há uma causa de semelhante proporção. Conscientes ou não das consequências dos nossos atos, não é possível impedir a consumação da infalível lei de ação e reação. Essa regra é essencial para a harmonia da existência humana porque permite que falhas e desequilíbrios sejam corrigidos. Muitas vezes as consequências são transferidas para o corpo material. É uma breve oportunidade de reflexão dentro da eternidade do espírito. A casca carnal que reveste o sutil tecido espiritual permite-nos a manifestação dessa oportunidade de expiação. São as chamadas chagas do corpo. Doenças crônicas, deficiências físicas e mentais, limitações físicas, imperfeições orgânicas, perturbações da carne. São todas, na verdade, reflexo do espírito, e não há tempo exato para que elas se materializem no corpo. E nem para que sumam.

A história relatada em uma passagem do Evangelho, que descreve o caso da cega que queria ser curada por um espírito que se manifestava1, ajuda a entender essa situação. Como expiação, a cegueira não poderia ser curada, naquele momento, porque tiraria da cega a oportunidade de enxergar o que só era possível ser visto por intermédio daquela chaga. A expiação não estava completa. “A cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração”, disse o espírito. Esse evento reflete ainda o ensinamento da resignação pela expiação. Completando-se, a reação materializada, seja no corpo ou na consciência, é a chance da resignação. Uma chave que só pode ser encontrada pela compreensão. Omolú carrega em seu corpo as chagas e na mão a chave. A chave de Omolú abre a porta que separa o Orum (céu) e a Ayé (Terra). Senhor da vida e da morte, Omolú caminha por entre as consciências errantes. Percorre os mundos permitindo a libertação das expiações. E as chagas demonstram que o veículo carnal também é forma de expiação.

O leproso curado por Jesus2, por sua vez, havia cumprido sua expiação. Mas O Mestre alerta ao leproso curado que uma oferenda deveria ser feita após aquela cura. Iguais ao milho ao se transformar em pipoca, podemos curar nosso espírito e corpo, transformando nossa alma. Um dos símbolos de transformação e libertação do corpo e da alma é o cemitério, casa de Omulú. A oferenda proposta por Jesus serve para advertir que, depois de superada, uma lição deve ser lembrada e agradecida. Então, “Meu Pai, curai-me, mas fazei que a minha alma doente seja curada antes das enfermidades do corpo; que minha carne seja castigada se necessário, para que a minha alma se eleve para vós com a brancura que possuía quando a criastes” ³.

 

1 e 3 O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VII – Bem-aventurados os que têm os olhos fechados, Allan Kardec.

2 Mateus, VIII: 1-4.

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