CARIDADE PURA

Avalie este item
(0 votos)

“Que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita”

Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XIII

 

Quando li essa frase pela primeira vez, confesso que imaginei algo totalmente diferente do propósito desse capítulo. Porém, quem tem o costume de ler o Evangelho sabe que, muitas vezes, não devemos enxergar somente o que conseguimos ler. Até porque, como Jesus mesmo disse, ele nos fala por parábolas (cap. XXIV).  

 

Nesse caso específico, o que, à primeira vista, parece ser uma frase meio sem nexo, na verdade, esconde um dos ensinamentos mais importantes e difíceis de ser praticado por nós encarnados: a caridade pura. Mas o que seria isso? 

 

De acordo com o dicionário, caridade é o ato pelo qual beneficiamos o próximo que está numa situação desfavorável. Além dessa definição, teologicamente falando, a caridade seria uma virtude que conduz ao amor a Deus e a nosso semelhante. Já o adjetivo “pura” pode ser compreendido como: sem alteração, sem mácula, sem maldade ou sem adição.

 

Juntando tudo, podemos considerar que a caridade pura seria aquela praticada pelo simples fato de fazer o bem ao próximo, somente com a generosidade do coração, sem receber nada em troca, onde o benfeitor seja ele mesmo o maior beneficiado em relação àquele a quem presta o serviço.

 

Com esse entendimento, conseguimos perceber o sentido correto do título desse texto. Na verdade, na referida passagem, Jesus quis ensinar que, quando dermos esmola a alguém, que a nossa mão esquerda não saiba o que faz a nossa direita, para que a nossa esmola fique em segredo e assim ele, que vê o que se passa, nos dará a recompensa. Ou seja, quando praticarmos a caridade, que ela seja pura. 

 

Como bem sabemos, nos dias de hoje, essa lição é cada vez mais difícil de ser cumprida. Com tantas formas de comunicação disponíveis, acabamos por nos esquecer do verdadeiro sentido da caridade. Dessa forma, nos afastamos cada vez mais do verdadeiro objetivo de estarmos encarnados: nossa evolução. E aí está o segredo desse ensinamento. Tão importante quanto a prática da caridade é que tenhamos em mente que, para vermos as coisas de uma forma mais elevada do que o comum, é preciso fazermos abstração da vida atual e identificarmo-nos com a vida eterna. Por isso, não busquemos na terra as recompensas que gostaríamos de receber no céu. 

 

Poucos irmãos já começaram a adquirir essa maturidade de fazer o bem sem olhar a quem, sem ostentação e sem receber nada em troca. No nosso terreiro, um exemplo desse desprendimento é o grupo de prece vovó Orminda. O trabalho desempenhado por esse grupo muitas vezes não é percebido, mas possui importância ímpar nas ações da casa. Afinal, ficar em prece, orando, pedindo proteção para os médiuns da corrente e consulentes, emanando amor e boas energias para os espíritos desencarnados, além de rogar por todos os pedidos colocados na “caixa de preces” não é para qualquer um. É a pura prática da caridade, não é mesmo?

 

Para terminar, segundo o meu entendimento, o que fica dessa lição é que Deus quer que façamos o bem pelo simples fato de ser o bem. Que nós, como seus filhos, busquemos, a cada dia, nos tornarmos pessoas melhores, mas não por recompensas terrenas. Pois aquele que preza pela aprovação dos homens mais que pela aprovação de Deus prova que a vida presente vale mais para ele do que a vida futura.