OMOLU - O Senhor do Portal Interdimensional

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“Sem o arsenal que lhe constitui o aspecto religioso, não será Umbanda, mas apenas Espiritismo.”

                                                                         Ramatis – in “A Missão do Espiritismo”

 

Etimologicamente, o verbete orixá, originário da cultura Nagô – Iorubana, pode ser decomposto em ori, que significa cabeça e , rei. Portanto, o rei que governa a cabeça. Orixá também pode ser pensado como uma corruptela de Purushá, que, segundo os Vedas, também é atuante sobre as cabeças de cada uma das criaturas. Purushá é um ser eterno, imutável e dominante sobre a dimensão espaço-tempo. O conhecimento hinduísta existe há milênios e foi aqui citado para evidenciar que na verdade tudo converge, independentemente da época e cultura, mesmo as mais remotas, pois emana da mesma fonte – Deus.

            Na Umbanda, os Orixás são identificados como radiações cósmicas da Mente Criadora. Aprendemos que renascemos sob a regência de um Orixá maior e influenciados com maior ou menor intensidade pelos demais. Além dos Orixás, nossa casa adota as linhas de trabalho, que são um conjunto de características que os espíritos assumem para melhor se organizarem em grupos na execução de suas missões.

            No Ação Cristã Vovô Elvírio, sete são os Orixás/Linhas principais: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Yori, Xangô, Iemanjá e Yorimá. São também cultuados Omolu, Oxum, Ossaim, Oxumaré, Iansã e Nanã. Porém, o fato de aceitarmos alguns Orixás principais não representa qualquer desapreço com os demais. São opções do dirigente espiritual para nortear suas linhas de trabalho. Até porque cada um deles pode vibrar em mais de uma linha. Todos os Orixás são também considerados linhas de trabalho.

Conforme nos contam as lendas, os Orixás apresentam particularidades:  virtudes, defeitos, ervas, cristais, saudação, lendas, etc. Por exemplo, estudaremos alguns atributos do senhor Omolu. Reza a lenda que Omolu é filho de Nanã, que o abandonou na praia após seu nascimento, ao constatar que a criança apresentava-se feia e coberta de feridas. Iemanjá o recolheu e cuidou como filho.  As lendas na Umbanda servem, também, para explicar algumas particularidades e afinidades vibratórias entre dois ou mais Orixás. Por exemplo: Omolu e Nanã têm os seguintes aspectos em comum:

            - O mesmo elemento: terra.

            - O mesmo metal: chumbo.

            - O mesmo signo regente: escorpião.

            - O mesmo chacra: básico.

 - O mesmo atributo: transformação dos corpos e transmutação das energias    negativas.

            - Nanã é a senhora da lama e Omolu é o senhor da terra.

            - Mesmo mineral: ametista.

            As vibrações de Omolu estão presentes nos hospitais e leitos de dor. É o curador das doenças físicas e das mazelas da alma. Contudo, OMOLU vibra mais intensamente nas terras dos cemitérios, que representam o local da passagem entre os mundos dos vivos e dos mortos. Portanto, seria seguro chamá-lo de o “Senhor das Transformações Humanas”, porque promove o esgotamento das energias negativas.

            O Senhor Omolu, dependendo das circunstâncias, atua em conjunto com os outros Orixás.  Nos esgotamentos energéticos humanos, ele está com Nanã e Exu. Nas libertações obsessivas, lá está ele com Iansã. E, com Oxalá, para fortalecer a fé. Na renovação das energias da prosperidade, com Iemanjá e Oxum. Nos recomeços dos caminhos, com Ogum e Oxóssi. Quando se trata da busca das justas recompensas, com Xangô e Ogum. Nas profundas alterações psicológicas e pela busca do equilíbrio, lá está ele em harmonia com Yori e Yorimá.

A terra, elemento natural do Senhor Omolu, é desintegradora das energias negativas e fornecedora das positivas. Atrai as demandas contra o terreiro, auxilia na formação das egrégoras positivas e amplia o campo energético das firmezas e dos assentamentos da casa.

            O Senhor Omolu, de acordo com as lendas de origem africana (que nos ajudam a entender melhor a vibração do Orixá), porta o Xaxará, objeto sagrado feito de madeira e ornado com palha da costa e búzios. A palha da costa é uma planta originária da costa da África e serve de vestimenta deste Orixá, que passou a utilizá-la para esconder suas chagas dos olhares do demais Orixás. Por este motivo, atribui-se à palha da costa seca a virtude de proteger quem a usa. Na Umbanda, a palha da costa é confeccionada em forma de trança e usada no braço, na cintura e no tornozelo, enfeitada com búzios. Dependendo do local em que ela é usada, chama-se contra-egum, umbigueira ou tornozeleira.

            O alimento natural de Omolu é a pipoca, uma semente que estoura sob a ação do calor e assume o aspecto de uma flor. Por esta característica de mudança, a pipoca é utilizada como transmutadora energética do Senhor Omolu. Em alguns rituais de Umbanda, a pipoca é aplicada nos sacudimentos[1] e ebós. No sacudimento, o paciente é colocado de pé, sobre um pano branco e o pai de santo passa punhados de pipoca dos seus ombros até os pés. Ao concluir, o pano branco é recolhido com as pipocas em seu interior e despachado no cemitério ou encruzilhada. O objetivo deste ritual é sempre promover a cura do corpo e o afastamento dos maus espíritos. Ebó é quando o sacudimento é complementado com oferendas para Omolu sozinho ou em conjunto com outros Orixás.

No ACVE, cultuamos Omolu no dia 2 de novembro, dia de finados, não como um símbolo de morte, mas de renascimento para a pátria espiritual, momento em que o ser liberta-se da densidade do corpo físico.

[1] Nota da Editora: O sacudimento é uma limpeza espiritual de grande eficácia.

Médium Danilo Vidal.

                       

 

 

 



[1] Nota da Editora: O sacudimento é uma limpeza espiritual de grande eficácia.