MARINHEIROS

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“Ah! Eu não sou daqui... (Marinheiro só!) e nem sou de lá... (Marinheiro só!) eu sou Marinheiro... (Marinheiro  só!) minha morada é no mar...”

 

Muitos são os mistérios que envolvem a linhagem dos Marinheiros. Uma das linhas auxiliares cultuadas em nosso terreiro, evoca todos aqueles que possuem ligação com o trabalho nas águas. Pescadores, marinheiros, piratas, corsários, ribeirinhos... espíritos que, de alguma forma, possuem ligação com as águas que fornecem o sustento por meio do trabalho nos mares e nos rios.

“Mar calmo nunca fez bom marinheiro”. Provavelmente você já ouviu essa frase. Como em um navio em uma jornada pelo mar, somos nós, espíritos em processo de evolução, em uma encarnação. As calmarias nos mares dificultam que o barco siga seu curso. Mesmo com aplicação de muita força nos remos, o barco ainda se move lentamente. Ainda assim, dependendo do rumo designado, ainda terá que enfrentar a força das correntes marítimas.

Isto somos nós em uma encarnação sem provas, sem dificuldades. O que a grande maioria gostaria de ter é aquilo que mais irá dificultar o navegar evolutivo, pois qual a consciência e disposição que possuímos, para superarmos a calmaria e conseguirmos remar por conta própria até o destino final?

Eis que vem a tempestade. E ela balança o barco. Muitas vezes ameaça virá-lo, quebrá-lo... Ondas que parecem que irão engolir o barco e lançar todos seus marinheiros à deriva no mar. Eis onde se forma o bom marinheiro. Aquele que saiu da terra com uma missão e que deseja retornar a qualquer custo. Sabe que o balanço do mar sempre existiu e não vai acabar. Que, nas tempestades, ele se intensifica e, nas calmarias, diminui. Que aprendeu que, para cumprir suas funções de marinheiro, precisa se adequar ao balançar da vida. Respeitar de onde tira seu sustento. Manter-se firme e atento ao horizonte, pois não há tempestade que dure para sempre e, a cada uma que é superada, mais tem a certeza de que aquilo o fortalece.

São regidos por Iemanjá, a grande mãe, orixá das águas salgadas dos mares, a calunga grande (grande cemitério), embora também atuem em águas doces. Porém, como toda água corre para o mar, estão sempre sob os cuidados de Iemanjá. Em suas atuações junto aos médiuns (incorporações), balançam. Muitos associam esse balançar ao fato de estarem bêbados, pois utilizam o rum em seus trabalhos. Enganam-se aqueles que associam essas entidades aos marinheiros bêbados vistos em filmes quando o navio atraca no cais. Eles balançam, pois são acostumados ao movimento feito pelo barco e, adaptados a isto, firmam-se conforme as idas e vindas das águas. Porém, quando em terra firme, acoplados aos médiuns, balançam pelo costume adquirido. Além disso, utilizam, como instrumento de fumo, o cigarro normal.

Quando pensar em marinheiros na Umbanda, lembre-se de que constituem mais um grupo de entidades que buscam quebrar pré-conceitos arraigados em nossa sociedade. Representam mais uma oportunidade que a Umbanda nos dá de aprendermos com entidades que têm suas lições nos movimentos e nas vivências, nos quais a firmeza é feita no coração e nas atitudes, e não nos pés.

 

“Minha jangada vai sair pro mar... vou trabalhar... meu bem querer (...) meus companheiros também vão voltar, e a Deus do céu vamos agradecer.”