ACVE: UMA PONTE ENTRE BRASIL E ITÁLIA

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No mês de outubro, nós do ACVE tivemos a grande alegria de receber a visita de um grupo composto por 7 italianos: Atílio, Paola, Daniela, Marta, Cristina, Ezequiela e Dolores, que nos trouxeram um pouco de seu axé, simplicidade e abraço fraterno. Um povo de sorriso fácil e muita disposição para aprender sobre a nossa amada Umbanda, bem como contribuir com o trabalho realizado pelo Ação Cristã Vovô Elvírio.

A ligação de Atílio com o Brasil remonta ao ano de 1992, momento em que veio conhecer o nosso país. No ano seguinte, fez nova visita e passou 40 dias. Segundo nos contou, essa experiência no nosso país foi útil para reconectar-se com alguns sentimentos e memórias da infância, bem como serviu para abrir o seu campo mediúnico.

Por conta de questões pessoais, só voltou ao Brasil em 2008 e, desde então, visita-nos 1 ou 2 vezes por ano, fazendo um tour por diferentes terreiros, com o objetivo de cumprir certos karmas familiares e outros ligados ao próprio Brasil. Em 2014, conheceu o ACVE, quando a sede do terreiro era no Jardim Ingá – GO.

Na Itália, embora existam grupos de estudos e práticas espíritas (“kardecistas”), há muita dificuldade para o acesso às práticas espiritualistas (dentre elas, a Umbanda). Nossos amigos contaram que a porta de entrada para o trabalho mediúnico espiritualista é a prática do shiatsu, da reflexologia e o uso de pedras e cristais para a cura e harmonização. Lá não existem os terreiros que temos aqui, nem a liberdade de culto a que somos acostumados.

Atílio não quis montar um grupo de trabalho mediúnico aos moldes do que vivemos no ACVE e, ao invés disso, convidou alguns amigos, sem hierarquia entre si, praticantes do shiatsu, para trabalharem com a energia de cura. Assim, além de realizarem o trabalho material, também atuam no campo espiritual, pois o shiatsu é ummétodo de terapia corporal originado no Japão, que utiliza pressões com os dedos ao longo do corpo. Ao pressionar os meridianos (canais de energia no corpo), viabiliza o fluxo saudável de energia vital (wikipedia).

Disseram que, com esses trabalhos que envolvem energia, conseguem sentir a presença dos Pretos-velhos, Exus e Caboclos (além de outras entidades) e que, embora não se manifestem por meio de incorporação, influenciam energeticamente, propiciando a cura das mazelas. Trabalham como instrumentos da espiritualidade amiga, mesmo sem um templo com fins religiosos ou rituais tradicionais, como firmeza de tronqueira, uso de velas e charutos.

Atílio considera que o mais importante é sentir a energia e que, mesmo sem conhecer os fundamentos magísticos ou a história da Umbanda, por exemplo, o trabalho espiritual é possível porque a energia é universal e encontra-se em todos os lugares.

Estes amigos, todos profissionais do Shiatsu, residem e trabalham em locais distintos e distantes entre si, na Itália. Dessa forma, conseguem reunir-se pouquíssimas vezes por ano, em encontros nacionais de shiatsu. A partir destes encontros, a convite de Atílio, resolveram conhecer o Brasil e viver a Umbanda por um tempo.

Foi assim que conheceram o ACVE. Hospedaram-se na sede do Terreiro, em Valparaíso, participaram de 4 giras, sendo uma delas a de Cosme e Damião, viajamos juntos para Palmelo-GO e lá puderam conhecer a capital espírita do Brasil bem como o Centro Espírita Jorge Guerreiro e Maria Madalena, alicerce da história do ACVE.

Em nenhum momento a diferença de idiomas foi empecilho para a comunicação fraternal ou para o trabalho realizado por eles nas salas de cura, cromoterapia, desobsessão ou como cambonos. Tocaram atabaques, assistiram à nossa capoeira, comeram as nossas iguarias, sentiram o axé provocado pelo samba da curimba. Viveram e sentiram a nossa Umbanda.

São amigos unidos por um sentimento mútuo de trabalhar junto a espiritualidade para o progresso da humanidade. São nossos irmãos de terras distantes e que outrora, possivelmente, foram nossas também. Estamos ligados pelos laços da verdadeira família, aquela unida por laços espirituais, que não se rompem com a distância ou com o falecimento da matéria.

Eles voltaram para a Itália levando um pouco do Ação Cristã Vovô Elvírio com eles. De igual sorte, deixaram um pouco deles aqui conosco e nos ensinaram sobre humildade, vontade, gratidão, abertura para o conhecimento e que, para a espiritualidade, não existem caminhos fechados, mas, sim, corações abertos.

Nossa gratidão pela experiência vivida! Estamos ansiosos pelos próximos reencontros. Grazie, amici.

Médium Luiza Leite.