Caríssimos irmãos, filhos de Deus encarnados na Terra. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Passar por encarnações é a maior bênção que Deus pode proporcionar a qualquer espírito. Qualquer que seja o planeta, cada encarnação proporciona os elementos necessários para que seja depurada a necessidade de viver na forma bruta e elevar o espírito ao seu Criador. Busca-se encontrar a essência da centelha divina, única de cada ser, dentro desse mar de energia acumulada que toma forma aos olhos carnais que retém os vossos espíritos.

          Este caminho reencarnatório não é fácil. É longo, árduo, cansativo, mas necessário. Do lado de cá, filhos, muitas coisas são mostradas, muitos ensinamentos são passados e vocês os levam a cada vez que retornam ao plano material. Quantas vezes não se depararam com algo que, mesmo novo, não lhes era estranho? O espírito carrega consigo os diversos aprendizados das outras vivências na carne e também na erraticidade.

          Mas carrega também as angústias, as culpas por erros, as vontades, entre tantos outros sentimentos que as vivências também proporcionam. O orgulho e a vaidade são sentimentos que um espírito único e divino manifesta inicialmente quando associado à matéria. O fato de não saber lidar com esse conglomerado energético causa uma distorção das leis divinas que todos os espíritos trazem consigo desde quando criados. E, para manter este status material, diversos atos atrozes são tomados para manter na história uma máscara de plenitude e sucesso, esquecendo que estes conceitos são feitos apenas por Deus.

          A matéria traz a mais difícil prova para qualquer espírito: perceber, descobrir, sentir e encontrar, num meio energeticamente denso, a sua essência extremamente sutil. Não cabe a ninguém julgar o estágio em que o outro está nesta descoberta. Este caminho é único e diz respeito a cada um. Se hoje o seu apego é menor, pode ser porque você anda no sentido do ser. Se o do irmão não for tanto, permita que ele passe pelos estágios que você já passou, ou que até, talvez, ele também tenha passado, mas ainda necessita superar outros percalços para seguir.

          Raros são aqueles que realmente se mostram aos outros. Todos possuem segredos, medos, vontades que gostariam de exteriorizar, mas que não o fazem por medo da reação e julgamento dos que os cercam. Alguns que dizem que fazem, muitas vezes, o fazem como forma de esconder o que realmente são. Ser apenas você não necessita de plateia, não necessita de aprovação, nem de retorno externo. Ser você permite que o retorno venha do seu próprio sentimento de satisfação ao poder permitir que seu espírito voe como um grande pássaro a planar nas correntes de ar quente em um planalto.

          Vocês criam personagens para conseguirem satisfazer suas expectativas e carências nas atitudes dos outros. Desejam ser do jeito que alguém os ame e possa completá-los. Mas aquele que ama não fundamenta o sentimento em formas ou atitudes. Quem condiciona o amor a procedimentos também está criando expectativas e se decepcionará. Aquele que ama não apresenta porquês, simplesmente ama. Não se justifica o amor, ele apenas transborda no simples fato de ver-se no próximo. De querer que o outro também possa usufruir desse sentimento que não tem peso, culpa, amarras.

          Muitos ainda engatinham no que é o amor, trazem o sentimento de posse, de paixão, de sexualidade, entre tantos outros possíveis. Mas o amor é o mais nobre sentimento e não carrega nenhum outro sentimento que o obrigue a ser. Ele é a fonte de todos os outros que vocês valorizam e tanto leem e falam quando estudam o evangelho: caridade, benevolência, piedade, compaixão, paciência... Tudo isso são braços do amor, como os orixás são braços divinos.

          Permitam-se amar apenas, porque o amor não carrega nada de ruim. Doem sem medo aquilo que vocês possuem de melhor e não se preocupem com o que vão receber em troca. Isto não cabe a vocês. Amem o próximo o suficiente para permitir que ele seja como ele é, e não para que ele te retribua. Ame acreditando que, um dia, aquele que te fez sofrer também saberá amar e poderá sentir o que você sente quando emana amor. Ame-se para compreender que existem falhas, medos e tantas outras coisas que ainda não foram superadas. Ame-se, sabendo que a vivência na matéria pode, sim, te derrubar e, por vezes, até contrariar aquilo em que você crê. Mas ela nunca irá deixar de te dar oportunidades de amar novamente.

          O Cristo trouxe um grande exemplo de como praticar o amor. Não o coloquem neste pedestal tão distante que parece dizer que vocês só poderão amar assim daqui a muitos e muitos séculos. Coloquem-no ao lado de vocês e sintam esse amor divino que ele emana a todos aqueles que acreditam que o que ele fez é possível a qualquer pessoa. Basta querer. Basta sentir. Basta buscar. Basta: amar.

Espírito Padre João