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O MÉDIUM E A VAIDADE

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O dicionário define vaidade como “1. Qualidade do que é vão, inútil, sem solidez nem duração; 2.  Fatuidade, ostentação; 3. Sentimento de grande valorização que alguém tem em relação a si próprio; 4. Futilidade”. Tais conceitos corroboram o entendimento de que a vaidade é fumaça, é neblina, é algo que não atinge profundidade, sendo mera superfície do que a moral humana deve atingir.

No entanto, embora considerada algo sem solidez, na seara daqueles que tem consciência da mediunidade e fazem uso dela no trabalho junto à espiritualidade, as consequências da vaidade são desastrosas, seja para o próprio médium, seja para seu templo religioso. Afinal, o médium vaidoso muitas vezes considera que o seu trabalho é melhor/superior ao dos demais.

Ocorre que a vaidade é o primeiro passo de um caminho decadente e, sendo o templo sagrado tão vulnerável quanto seus médiuns, a vaidade aparece como forma de acesso para os irmãos mal intencionados. Isso porque o médium vaidoso se perde do propósito pregado por Cristo e passa a vibrar na mesma sintonia dos inimigos da verdade, permitindo que esses lhe façam companhia durante o trabalho.

A vaidade do médium advém tanto de sua própria consciência, quando se considera melhor do que os outros devido aos trabalhos que a espiritualidade realiza por seu intermédio, tanto quanto por estímulos dos consulentes e de outros médiuns que lhe atribuem realizações dos espíritos, fazendo-o acreditar que é mérito próprio, esquecendo que o trabalho só é possível por causa da espiritualidade.

As giras de umbanda contam com rituais e instrumentos próprios para o trabalho das entidades que vão ao auxílio dos médiuns. Assim, é preciso ter consciência de que os instrumentos são das entidades e não devem ser interpretados como critérios de classificação, pois quem usa os instrumentos com vaidade é o médium e não a entidade, que conhece seu verdadeiro propósito.

Por isso, não se deve impedir que as entidades façam uso de seus aparatos, até porque eles são parte essencial do trabalho. É o médium que deve fortalecer sua moral e entender que o trabalho é feito pela espiritualidade, sendo ele apenas um instrumento dos obreiros do plano espiritual na Terra. Esse reconhecimento, juntamente com a humildade tão necessária nas giras de umbanda, faz com que o terreiro sempre permaneça protegido.

Por fim, trago o aconselhamento oportuno contido na obra Aconteceu na casa espírita” psicografada por Emannuel Cristiano: “Lembra-te de que, para venceres na mediunidade, é essencial que te sintas como pequenino servidor. Guarda-te da empolgação orgulhosa, livra-te da vaidade e mantém-te em disciplinado estudo do Espiritismo.”

Médium Rafaella Spach.

 

Referências bibliográficas:

CRISTIANO, Emmanuel. Aconteceu na casa espírita. Ed. 8, CEAK, 2009.

HOLANDA, Aurélio Buarque. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Ed. Positivo, 2010.