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SÃO JOÃO DO ACVE

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Pula a fogueira, iá iá... Pula a fogueira, iô iô / Cuidado para não se queimar/ Olha, a fogueira já queimou o meu amor”. (Trecho da canção “Pula a fogueira”, da banda Mastruz com Leite).

Ouvir essa canção é remetermos nossos pensamentos e sentimentos às tradicionais festas juninas. E, como numa brincadeira de criança, quem nunca pulou uma fogueira de São João? Um ato que nos parece maroto e despreocupado também pode ser levado bem a sério quando consideramos o efeito purificador do fogo. Tanto é que observamos nos terreiros de umbanda o uso do fogo em diversos momentos do ritual e com elementos diferentes: a defumação (carvão), velas, fumos (cachimbos, charutos, pitos de palha).

O fogo, como elemento magístico, trabalha como um braseiro que absorve e queima os miasmas astrais, eliminando as cargas densas presentes tanto nos consulentes quanto nos médiuns, limpando o campo mental e os corpos perispirituais de todos. Para tanto, vemos a atuação de elementais conhecidos como salamandras, que se afinizam com essa energia do calor e trabalham sob o comando do médium, otimizando e potencializando os efeitos de descarrego.

O fogo, elemento que julgamos simples e utilizamos no cotidiano, tem alto teor magístico quando impulsionado pelo poder do pensamento daquele que o manipula. Basta observarmos as transformações que acontecem nos alimentos quando expostos a esse elemento, assim, fazemos uma analogia com o que ele é capaz de nos proporcionar nos mundos etéreos.

Então, quando estiver em frente a uma entidade e ela estiver manipulando um cachimbo ou uma vela, pense nas coisas que deseja transmutar e deixe as que não deseja levar mais consigo para as salamandras diluírem. E agora, mudou sua forma de ver esse elemento?

Da mesma forma, quando estiver numa festa junina, vale um momento de oração frente à fogueira, e a sintonia com os amigos espirituais para uma limpeza astral. Afinal, as festas de São    João, santo celebrado em 24 de junho, são em homenagem a esse santo, muito cultuado na igreja católica, que na umbanda sincretizamos como Xangô.

São João Batista foi primo de Jesus e o batizou nas águas do Rio Jordão, consagrando esse momento como um dos mais importantes na vida do Messias. João Batista pregava o batismo pela água para a remissão dos pecados e para a consagração do indivíduo (benção), o que não significa que pecados não devem ser reparados: “quem deve paga e quem merece recebe”. Ninguém fica impune perante a corte celestial.

Representando essa justiça divina, temos na umbanda o Orixá Xangô, que, além do machado que corta para os dois lados, tem como elemento de atuação o fogo (aquele mesmo que comentamos no início desta leitura). Por toda a simbologia que esse “santo” orixá representa e por todas as suas qualidades que nos chegam como bênçãos, no dia 25 de junho de 2016, o ACVE realizou sua terceira festa junina.

Foi uma festa bem animada, com comidas típicas deliciosas, bebidas, músicas, brincadeiras (bingo), barraca para as crianças, e o mais importante: com a alegria e a confraternização de todos os que estiveram presentes. Agradecemos a colaboração, o empenho e a presença de cada irmão (seja consulente ou médium).

O sucesso da festa só foi possível por conta das muitas doações que recebemos e dos braços voluntários para os serviços necessários: de organização (que antecedeu a festa), de atendimento (servindo as comidas e bebidas durante a festa), de limpeza, de venda e compra dos ingressos, e para desmontar toda a estrutura no dia seguinte. A egrégora positiva e de amor à Casa e à causa também foi peça chave nesse processo.

Com a construção da nova sede do ACVE, sabemos que a parte financeira tem grande valor neste momento, mas, mais importante do que a quantia que conseguimos arrecadar no evento, a oportunidade de estarmos juntos e desfrutarmos da companhia um do outro, compartilhando momentos felizes, não tem preço – “Quão bom e quão suave é estarmos entre irmãos” – Salmo 133.

Que Xangô tenha recebido essa festa como nossa oferenda, pedindo sua proteção, equilíbrio e razão para seguirmos fortes como uma rocha no trabalho mediúnico, que São João tenha batizado nossa Casa derramando bênçãos através das águas sagradas que banharam o Nazareno, renovado nossa fé.

“Meu pai São João Batista é Xangô”.

Médium Lisia Lettieri.